Revista do Vestibular da Uerj
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Rio de Janeiro, 19/04/2024
Ano 12, n. 32, 2019
ISSN 1984-1604

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Artigos

Série Carreiras: Nutrição, por Jorginete Damião

Ano 9, n. 25, 2016

Autor: Jorginete Damião

Sobre o autor: JORGINETE DAMIÃO é professora do Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e sanitarista da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Possui mestrado e doutorado em Saúde Pública, atuando principalmente nos seguintes temas: segurança alimentar e nutricional, nutrição na atenção básica e políticas de alimentação e nutrição.

Publicado em: 07/11/2016

Revista do Vestibular: A senhora é professora do Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Conte-nos um pouco sobre sua escolha e trajetória profissional.

Jorginete Damião: Eu me formei, em 1997, pela Faculdade de Nutrição da Universidade Federal Fluminense (UFF). Durante a graduação, participei de projetos de pesquisa na área de nutrição em saúde pública, o que me ajudou a direcionar minha formação acadêmica para esse campo. Após a graduação, fiz especialização (1997), residência multiprofissional (1998-1999), mestrado (2000-2002) e doutorado (2008-2012), sempre em saúde pública. Em 2000, passei a ocupar o cargo de sanitarista da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Nessa secretaria, trabalhei inicialmente na gerência de programas de saúde da criança e, a partir de 2002, no Instituto de Nutrição Annes Dias, órgão responsável por coordenar tecnicamente o planejamento, a implementação e a avaliação da Política Nacional de Alimentação e Nutrição na cidade do Rio de Janeiro.

Revista do Vestibular: Em que áreas o nutricionista pode atuar? Que tipo de formação a UERJ oferece aos interessados nessa área?

Jorginete Damião: De acordo a resolução nº 380/2005, do Conselho Federal de Nutrição, as áreas de atuação do nutricionista sete: alimentação coletiva, nutrição clínica, saúde coletiva, docência, indústria de alimentos, nutrição em esportes e marketing na área de alimentação e nutrição. O curso de graduação em Nutrição da UERJ habilita o profissional a trabalhar em todas essas áreas. A UERJ oferece ainda especialização em Terapia Nutricional, curso voltado para o trabalho na área clínica, e mestrado e doutorado em Alimentação, Nutrição e Saúde.

Revista do Vestibular: Vive-se na atualidade o que se tem chamado de "culto ao corpo", em uma perspectiva que privilegia a estética. Por outro lado, observa-se, também, grande interesse pelos benefícios que a boa alimentação proporciona à saúde. Como a senhora avalia essa conjuntura?

Jorginete Damião: Nossa sociedade de consumo impõe padrões de beleza inalcançáveis, com diversos apelos para o corpo perfeito, o que pode levar a uma preocupação demasiada com a forma física, provocando, por vezes, distorções da imagem corporal. Aliado a isso, os modismos sobre alimentação, muitos fomentados pela mídia, trazem conceitos equivocados sobre nutrição, levando a comportamentos alimentares pouco saudáveis. Ao mesmo tempo, tem havido crescente interesse de parte da população em adotar uma alimentação mais saudável. Vejo grande responsabilidade das políticas de alimentação e nutrição nessa conjuntura e, por consequência, dos nutricionistas e demais profissionais de saúde, que implementam tais políticas. É preciso permitir à população acesso a informações corretas, além de promover intervenções no ambiente onde as pessoas vivem, estudam e trabalham, que permitam a adoção de alimentação saudável.

Revista do Vestibular: A senhora fez tanto seu mestrado quanto seu doutorado na área de Saúde Pública. Qual sua opinião sobre as políticas públicas voltadas para o campo da nutrição no Brasil?

Jorginete Damião: O Brasil publicou, em 1999, pela primeira vez, uma Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN). Essa política foi um marco importante, pois, antes, as ações nesse campo eram fragmentadas. Além disso, com o PNAN, firmou-se o compromisso do poder público com a garantia dos direitos humanos à alimentação e nutrição adequadas. Em 2012, esse compromisso foi atualizado, por meio de processo de discussão do qual tive a oportunidade de participar. Algumas questões debatidas foram a mudança no padrão de saúde e consumo alimentar e a necessidade de que essa política dê conta, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), deste novo cenário de problemas relacionados à nutrição. As políticas públicas de combate à obesidade, por exemplo, precisarão percorrer um grande caminho para fazer frente a essa epidemia. É preciso lembrar que a Nutrição é uma área interdisciplinar por natureza. Em geral, a intervenção voltada para a coletividade deve envolver ações intersetoriais, como, por exemplo, a dos setores de educação, transporte, agropecuária, economia e desenvolvimento social. Ações intersetoriais, visando a resultados positivos na situação de nutrição da população, ainda são um desafio.

Revista do Vestibular: Quais as maiores dificuldades que o jovem graduado em nutrição vai enfrentar na vida profissional? E quais as maiores alegrias?

Jorginete Damião: Esta é uma profissão que recentemente vem ganhando mais visibilidade. Assim, os profissionais que se formam ainda devem lutar pelo seu espaço. É comum, em diferentes áreas, não se compreender o papel do nutricionista. Acredito que o nutricionista deve assumir responsabilidade na defesa do direito humano à alimentação saudável, o que, para mim, trouxe grande satisfação pessoal.

Revista do Vestibular: Gostaríamos que a senhora deixasse uma mensagem para os candidatos do Vestibular Estadual que desejam cursar Nutrição.

Jorginete Damião: Eu sou apaixonada pela minha profissão e adorei me graduar em Nutrição. Na UERJ, o curso de Nutrição valoriza as dimensões técnica, ética e política, na formação de profissionais comprometidos com a nutrição dos indivíduos e da coletividade. Se você se identifica com essa missão, irá gostar do curso também.

 

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